terça-feira, 21 de junho de 2011

Placebo, Marduk, Ad Hominem, Calvary Death resenha dos shows de abril de 2010

Placebo
16 de Abril, Belo Horizonte/MG
 
Por Ed França 
foto Renato Audrey
 
Placebo subiu ao palco dentro do horário previsto, o que surpreendeu muita gente que ainda chegava ao local. A ausência de bandas de abertura na passagem por Belo Horizonte tornou a expectativa da espera menos acentuada para os que adentravam o Chevrolet Hall. Abriram o show com músicas que promovem o álbum Battle For The Sun e, o que impressionou à primeira vista, foi o retorno imediato dos fãs que recebiam extasiados as músicas da banda inglesa.
 
Ao executar a música Devil In The Details, o Placebo parecia realmente anunciar que o detalhe estaria nesse link direto entre a banda e seus admiradores. E o grande detalhe é justamente o coro dos fãs que acompanhavam sem perder um verso sequer. Cantavam com Brian Molko como se fossem um só corpo, uma só voz.
 
Seria esse o trunfo da banda Placebo? Uma banda de rock alternativo que atinge um leque diversificado de fãs, dos “teenagers” aos adultos exigentes e critério apurado, desses que identificam raras bandas entre as zilhões que pipocam na mesmice do cenário e coroam instantaneamente com status de banda cult? Ou até mesmo por um ícone da música como “David Bowie”, que abraçou a banda como fez tão poucas vezes publicamente ao ponto de querer até gravar um vídeo com a banda? Seria o perfil andrógino e magnético que encarnam Brian Molko e também Stefan Olsdal? Estaria a resposta na soma desses detalhes que se
agregam e resultam numa possível química musical inebriante?
 
Detalhes que figuravam nas lágrimas dos meninos e meninas espremidos nas primeiras filas, gritando paixão ao vocalista e guitarrista Brian Molko e ao que sua aparição provocava ali naquela noite. A presença do novo baterista (Steve Forrest) também não passou despercebida, sendo um detalhe aguardado pelos que acompanham a trajetória da banda desde a formação antiga.
 
Outro detalhe que quase nunca nos damos conta é a presença de músicos convidados para essas grandes agendas de shows. O que não foi o caso de Fiona Brice. Vestida de branco, lembrava um ser angelical destilando notas que sangravam o violino, amplificando a dramaticidade do espetáculo. Sua delicada participação exalava tons adocicados que contrabalanceavam com a fúria sonora e ríspida das bases de guitarra e voz melancólica de Brian Molko.
 
Placebo deixa o palco e um vídeo acompanha os momentos de incerteza sobre um improvável fim de show. Enquanto as pessoas se questionavam se teria acabado, uma bailarina seminua dançava num cenário desconcertante e soturno. O detalhe nem era seu corpo escultural, curvas sinuosas e intrigantes, nem sua tristeza aparente, mas seu micro adereço vermelho, que delineava um formato propositalmente fálico!!! Imersos nas hipnóticas imagens, poucos percebem o retorno da banda nos minutos seguintes. Placebo fechou o set list na capital mineira com poucos hits. Every You and Every Me, Taste In Men e Special K abriram sorrisos entre os fãs antigos da banda e o repertório foi o mesmo utilizado em Porto Alegre. O grupo apresentou um total de 20 músicas, apenas duas músicas foram diferenciadas da apresentação de quarta, em Curitiba. A turnê brasileira acabaria então no sábado, dia 17 em São Paulo.
 
Confira o set list da apresentação de Belo Horizonte/ MG:
For What It’s Worth
Ashtray Heart
Battle For The Sun
Soulmates
Speak In Tongues
Follow The Cops Back Home
Every You Every Me
Special Needs
Breathe Underwater
Julien
The Never-Ending Why
Bright Lights
Devil In The Details
Meds
Song To Say Goodbye
Special K
The Bitter End
BIS
Trigger Happy
Infra-Red
Taste In Men

cobertura do show para a revista Rock Brigade em abril de 2010.

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MARDUK, AD HOMINEM, CALVARY DEATH 


Belo Horizonte, 17 de abril
Por Ed França
Quase vinte anos passaram e o Calvary Death insiste em reafirmar seu lugar no cenário do death metal nacional mostrando que ainda estão produzindo e tocando ao vivo. A banda abriu o show com músicas do álbum mais recente (Serpent, 2009) mesclando com canções dos álbuns anteriores. Com uma apresentação que atingia mais de 40 minutos, deram seu recado com um death metal técnico e uma quantidade enorme de solos de guitarra. Força, garra e vontade das bandas provenientes do interior, encerram a máxima que, na perseverança e foco trazemos à tona o respeito dos que acompanham a evolução desse estilo, onde a música extrema coleciona pouco apoio em terras brazucas.
Ad Hominem despertou a curiosidade do público muito antes de subirem ao palco. Discussões e posts dos admiradores da banda em sites de relacionamento social indicavam o receio de algum tumulto bem antes da banda chegar. Pessoas comentavam o direcionamento ideológico polêmico que o grupo conduz, mas o que parecia o início de um clima tenso caiu por terra. Os franceses mostraram não só uma execução brilhante, mas também carisma e alegria de se apresentarem em Belo Horizonte. Terminando o show circularam pela platéia como se estivessem em casa. Algumas pessoas vieram de SP, após o show da noite anterior, para uma vez mais assistir o Ad Hominem. Arrisquei frases com alguns membros da banda; demonstraram atenção e satisfação por tocarem com o Marduk naquela noite. A banda foi criada por Kaiser Wodhanaz (vocal e baixo) em território francês e vieram divulgar o álbum Dictator - A Monument Of Glory.
Em sua quarta passagem pelo Brasil o Marduk comemora 20 anos de banda e promove o álbum Wormwood, seu décimo primeiro de estúdio além de três petardos lançados ao vivo. Proveniente da Suécia, a banda foi concebida no fim da década de 80. Seguida por uma legião de fãs pelo mundo, espalham o extremo Black Metal por onde passam, abusando das temáticas sobre guerras com letras que também repelem as religiões cristãs. Munidos de “corpse paint”, a formação já não é a mesma do começo restando apenas o guitarrista Morgan "Evil" Steinmeyer
Håkansson, dos músicos originais.
Iniciaram a guerra com With Satan And Victorious Weapons, mas pequenos problemas técnicos interromperam o show nas duas primeiras músicas, o que esfriou um pouco o ânimo daqueles que estavam ávidos pelo retorno da banda à capital mineira. A ótima presença de palco do vocalista Moortus e sua tentativa ininterrupta de se comunicar com seus fãs foram os destaques dessa apresentação, além de sua poderosa voz. Destilaram uma seqüência de clássicos que fez tremer o local. Estavam todas lá: Azrael, Still Fucking Dead e Levelling Dust, sem esquecer que, tocadas ao vivo, as canções atingiram um velocidade absurda... Era simplesmente uma divisão de tanques Panzer, feitos de massa sonora, devastando os tímpanos dos presentes.
Dando continuidade ao repertório, arremessavam músicas do último disco Wormwood sem descanso. O ponto alto do show foi justamente a clássica Baptism By Fire. Imerso no clima denso que imperava, não parecia uma legião de fãs gritando, e sim uma infantaria de guerra, advindos de uma escura dimensão. Com um set list semelhante ao dos shows anteriores (inclusive Bulgária em Janeiro desse ano) tocaram quase as mesmas músicas variando apenas na ordem das mesmas. Apesar do público reduzido mas fiel, foi mais uma noite inesquecível forjada ao som de black metal e death metal em Belo Horizonte.
Segue abaixo o set list do Marduk em BH:
With Satan And Victorious Weapons
On Darkened Wings
Into Utter Madness
Blooddawn
Still Fucking Dead
Beyond The Grace Of God
Materialized in Stone
Phosphorous Redeemer
Azrael
The Levelling Dust
Baptism By Fire
To Redirect Perdition
Steel Inferno
Wolves
Encore
Throne Of Rats
cobertura que fiz para a revista Rock Brigade, 17 abril de 2010.

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