segunda-feira, 6 de julho de 2009

O nunca feito sobre o dito





O nunca feito sobre o dito


Não foram as horas faladas

Muito menos as coisas não ditas


O que não preencheu esse espaço, então?

Somente nó na garganta estanca o nunca feito sobre o dito.

Quando as palavras não cabem em mais nada nascem lágrimas.

E lágrimas também são silêncios materializados.

Rios de solidão represados no nada.

Desaguam no vazio como oferendas para o mar de insensatez.

Quando as palavras não cabem em mais nada

Segredos são encerrados no silêncio.

E falar o que depois do impensado?

Amores aprisionados na imaturidade

Desejos sequestrados em nome do nosso egoísmo.

Jusificados desvairadamente em noites furtivas

Amor se calou como um refém maltratado, sem forças, sem resgate algum a receber.

Em silêncio definhou por não saber que Ter não é Bem querer.

Assim se explica a fuga dos segredos no sussurro.

Por essa fresta, silêncio virou alívio.

Calados em fuga.

O som mais suave é o silêncio.

Nos perdemos por acreditarmos mais

no ruído de nossas ilusões que no silêncio das verdades.



Ed França



. no texto: poesia de Ed França, julho de 2009.

. no som: a beautiful lie_30 Seconds to Mars.

Um comentário:

SEMTREVO disse...

Ed...

Uma vez disse sobre a sua Arte. Poucos sabem desenhar e a partir dai criar... e vc sabe.
Sua poesia também é, para mim, um grito represado. O som e o silêncio. O Amor e o Desamor. Tudo vale para o poeta. Que poço imenso e sem fim é a nossa alma...
Bjs da amiga
.............. Olga .....