sábado, 7 de fevereiro de 2009

Uma balada para Lúcifer



Uma balada para Lúcifer



Saboreando viagens distantes

Plana, goza e se refaz na luxúria de pequenas constelações.

Derrete na cauda de cometas pela imensidão do espaço

lambendo seus rabos ate que evanescessem de prazer em atmosferas infantis

Cavalga nos quadris das deusas estelares por entre vórtices e sedutoras tempestades solares


Apaixonado pelo sexo dos Quasares adolescentes

queima em orgasmos multidimensionais.


Gritos de prazer em vórtices imorais

Uivos de amor suprimidos pelo vácuo

Uma galáxia inteira inundada só de gemidos delicados.


Era a Luz amando o cosmo incestuosamente.


Eons após amar cada corpo celeste de incontáveis Galáxias

caiu no abismo como um astro traído.

Sugado sem forças por um buraco negro sem explicação

feito armadilha em seios de uma adolescente perversa.


Sangrando delírios em ventos estelares

Padecendo em morte rasgando atmosferas

Flamejando lamentações preso à gravidade do que não pode ser

em derradeira descida como se manchasse os lençóis de um sagrado amor.



Astro rei que me ilumina

que faz brilhar a vida em gozo

porque ignora seu filho mais zeloso?

Eu que sou candelabro de tua voz em caverna escura habitada por surdos, porque não respondes?

Solicita pela última o primeiro arcanjo, o mais belo, o mais amado, o mais devotado.



O silêncio é faca que golpeia asas, que emudece a alma, que apaga a luz...Que congela a dor e se materializa num bloco de gelo chamado Desprezo.


Agradeçe a dimensão do tempo miserável e limitado

Ironizando em sacrilégios orações e lamentos...E desfalece.

Cai encolhido como um meteorito implacável

em direção ao oceano das verdades do agora

Vertendo labaredas de lágrimas divinas em copioso lamento.

amargando em desolação como uma maldição ejaculada dos céus.


Sem receio de me espatifar no detestável tempo espaço

aceito esse abismo de mentiras na espessa geografia da matéria!

Balbuciou com olhos cerrados o arcanjo mais amado.



Denso como um bloco de pedra lunar

Silenciou no fundo do mar

Sem pensar nas lágrimas de fogo

que precederam sua queda.



Prisão dimensional

Feito casamento arranjado

Melancolia imemorial

Feito gravidade terrestre

Já nem emana mais a consciência espacial

nem a luz sagrada em profundidade que outrora fora a chama do meu amor.


Habita em mim o esquecimento temporário

que a infinitude me condenou!

Reflete apoiando a fronte o arcanjo mais amado.


Em órbita dessa condenação

num ciclo repetitivo e temporal

que encerra o caos dentro do que já foi ordem.


Aquieta e aceita a queda

mastigando sua imensurável solidão interior

sofre assim absorto em dor

o arcanjo portador da luz.. o filho mais amado.



Nessa carcaça de planeta morto

a leveza da minha sabedoria

que descansava na inocência de galáxias distantes

agora são reminiscências de prazeres perdidos!

São tão tímidas essas lembranças

que evaporam-se sem deixar vestígios!

Escreveu em sua pele o arcanjo mais amado.


Remoendo a saudade da Estrela Maior e Princípio do Todo

que um dia o amou infinitamente e hoje não ouve mais

nem o eco das suas lamentações

muito menos seus questionamentos.


Conta luas e estrelas

observando seres, naturezas e criações imperfeitas

Finda os tempos impiedosos

abraçando feito falsa esposa o arcanjo que outrora fora o mais amado.


Aquecido apenas da presença de seus irmãos

planetas rebeldes num universo seco

como os lábios de quem já não ama há tempos.

Triste como um velho sol que se cala sem calor ou luz

obrigado a ouvir o voz fria da escuridão

lamenta angustiado o mais belo no útero da terra.


Numa balada para o anjo Luz


Derrama em lágrimas então os céus

numa chuva de meteoritos de sangue

Só se ouve um choro baixo das ondas e o tremor das terras inférteis

que oferecem adágios doloridos e singelas melodias

sob o brilho das estrelas impassíveis e covardes.



Como se fosse possível compreender a dor dos amantes separados...

Como a língua da vaidade em fel se subordinando à estéril companhia de quem não se ama.

Como se o fim negasse o princípio.

Como se o pai não amasse o filho.

Como se a lua não cedesse aos encantos do sol.

Com se a ordem suportasse o Caos.

Como se fosse possível impedir a beleza do mais belo.

Ou apagar a luz de quem carrega a tocha desde o princípio com uma história maldosa.

Como obliterar o Amor de quem copulava com o Infinito desde quando nada havia sido criado.


Ed França (janeiro, 2009)



. no texto: poesia de Ed França, Janeiro de 2009. da série Anjos Poemas.

. na imagem : trabalho de Ed França, técnica mista sobre papel e colagem. 2001.

. no som: saints are down_The Cult.

6 comentários:

Anônimo disse...

boa.. A POESIA É A COISA MAS PODEROSA QUE EXISTE.

Unknown disse...

Por favor entre em contato conosco pelo email contato@ambrosia.com.br (depois delete aqui por causa dos spams) Abs

Yuri Azaghal disse...

- Desdhemona

Realmente louvável.

Von DEWS! disse...

O que me vem à mente no momento, após ler seu texto - diga-se de passagem, muito bom!! Muito mesmo! - é que aquela expressão: "O Sexo dos Anjos"... que dizem que anjos não tem sexo, mas eles são aqueles que nos perpetram o olhar sexual, o amor carnal e as suas extravagâncias. Um amor arcanjo, ou um arcanjo amando é uma visão envolvente, que traz sentimentos que não existem, pois pra todos os anjos são "assexuados" e "tomam conta" da gente. Mas o amor arcanjo é maior que suas obrigações angelicais... ou infernais, quem sabe?
=)

Unknown disse...

Muito linda.Parabéns!!
arrepiei!

Overfiend disse...

Para ser uma balada tem que ter "eu te amo", "eu te perdi", "volte para mim", "você me trocou", "sou apaixonado por você".....

coloque essas coisas no meio e pronto!!!

Uma balada pronta para tocar no "Good Times, BH FM"