sexta-feira, 30 de maio de 2008

Rota de Fuga



Rota de fuga



Todo deleite tem um pouco de abismo.
Eu que me inundo de tristeza em dias frios

já me acostumo aquecido num edredom de silêncio.

O que congela asas é lembrar do teu calor.

O jazz colore de azul as paredes do quarto

Adágio para dias cheios de nada...

Seriam nuvens esses dias estranhos?

Viajo na velocidade que a melancolia instituiu.
Acelero em desespero rumo ao nada.

Nem as placas escrito " eu te amo" consigo avistar.

São pequenos esses infinitos trajetos.

O suplício das asas num voar violento.

Desejos flamejantes maculam relações inflamáveis.

Combustão espontânea dos sonhos...

Nem lamento que se queime tanta vontade!

Quantos graus pra derreter o que sinto?

Seriam lágrimas queimando em kharma?

É esse o gosto da estrada maldita do amor...

Serpenteada de desilusões

sempre passíveis de erros.
É esse o gosto do vôo dos amantes?

Meu corpo que viaja sozinho agora

traz o vento frio como rota de fuga.
E eu lamento voar sem você

nesse céu de crepúsculo em chamas.



Ed França



. do livro Anjos Poemas (2008)

. na imagem: sem título, acrílica s/ tela, (1995)
Ed França
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