Rota de fuga
Todo deleite tem um pouco de abismo.
Eu que me inundo de tristeza em dias frios
já me acostumo aquecido num edredom de silêncio.
O que congela asas é lembrar do teu calor.
O jazz colore de azul as paredes do quarto
Adágio para dias cheios de nada...
Seriam nuvens esses dias estranhos?
Viajo na velocidade que a melancolia instituiu.
Acelero em desespero rumo ao nada.
Nem as placas escrito " eu te amo" consigo avistar.
São pequenos esses infinitos trajetos.
O suplício das asas num voar violento.
Desejos flamejantes maculam relações inflamáveis.
Combustão espontânea dos sonhos...
Nem lamento que se queime tanta vontade!
Quantos graus pra derreter o que sinto?
Seriam lágrimas queimando em kharma?
É esse o gosto da estrada maldita do amor...
Serpenteada de desilusões
sempre passíveis de erros.
É esse o gosto do vôo dos amantes?
Meu corpo que viaja sozinho agora
traz o vento frio como rota de fuga.
E eu lamento voar sem você
nesse céu de crepúsculo em chamas.
Ed França
. do livro Anjos Poemas (2008)
. na imagem: sem título, acrílica s/ tela, (1995)
Ed França
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